O "bed rotting" é uma tendência relativamente nova que tem vindo a ganhar popularidade, especialmente entre as gerações mais jovens. Embora a ideia de descansar de forma prolongada na cama possa parecer atraente, este comportamento pode trazer consequências negativas tanto para a saúde mental quanto para a física. Se já ouviste falar sobre este fenómeno, mas não sabes bem o que implica ou como pode afetar a tua vida, este artigo vai esclarecer tudo o que precisas de saber.
O que é o Bed Rotting?
Este “apodrecimento na cama", é um termo que descreve o ato de passar longas horas na cama sem fazer nada produtivo. Muitas vezes, está associado ao uso de dispositivos móveis, como o telemóvel ou mesmo a televisão, onde a pessoa fica a navegar nas redes sociais ou a ver conteúdos. A ideia por trás desse comportamento é tentar descansar ou “recuperar energias” de forma rápida. No entanto, é importante perceber que este hábito pode ter consequências bem diferentes do que se imagina.
Por exemplo:
Imagina um dia em que chegaste a casa após um longo dia de trabalho. Em vez de te levantares para fazer algo produtivo, como cozinhar ou fazer exercício, decides simplesmente deitar-te na cama e navegar no telemóvel ou ver televisão. No início, parece que estás a descansar, mas com o passar do tempo, esse descanso pode não ser tão benéfico quanto pensavas.
Porque é que o Bed Rotting Pode Prejudicar a Tua Saúde?
Embora possa parecer uma forma de relaxar, existem várias razões pelas quais esse comportamento pode ser prejudicial para a tua saúde física e mental.
1. Desassocia a Cama de um Local de Descanso
A cama deve ser associada ao descanso e ao sono, mas quando passas muito tempo acordado na cama, o cérebro começa a associá-la a um estado de alerta e não ao relaxamento. Isto pode dificultar o processo de adormecer, tornando mais difícil ter uma noite de sono restauradora.
Dica: Para contrariar isso, usa a cama apenas para dormir e relaxar à noite. Evita ficar a mexer no telemóvel ou a ver televisão enquanto estás deitado.
2. Desregula o Ritmo Circadiano
O ritmo circadiano, o "relógio biológico", regula os teus ciclos de sono e vigília. Quando passas muito tempo na cama durante o dia, estás a atrasar o teu ciclo de sono e dificultando a adaptação natural do corpo ao descanso nocturno. Como resultado, poderás ter mais dificuldades em adormecer à noite, afetando a qualidade do teu sono.
Por exemplo, ficar na cama durante a tarde pode levar a que não consigas adormecer à hora habitual, resultando em um ciclo de sono desregulado e noites mal dormidas.
3. Aumenta a Fadiga
Embora a ideia de descansar mais na cama pareça uma forma de aliviar a fadiga, pode, na verdade, agravar a sensação de cansaço. A falta de movimento e a inatividade prolongada contribuem para o aumento da sensação de exaustão, sem realmente permitir uma recuperação adequada.
Em vez de recarregar as energias, essa prática apenas mantém o corpo num estado de alerta, dificultando a recuperação física e mental, o que pode levar a um ciclo vicioso de cansaço constante. Além disso, o corpo necessita de atividade física para estimular a circulação sanguínea e o metabolismo, e a ausência de exercício físico pode resultar num desgaste ainda maior ao longo do tempo, afetando diretamente a qualidade do sono e o bem-estar geral.
O que posso fazer?
Levanta-te e move-te! Mesmo um pouco de exercício pode ajudar a restaurar os teus níveis de energia e a combater a fadiga.
4. Mantém o Cérebro em Estado de Alerta
Passar tempo excessivo na cama pode fazer com que o cérebro fique em estado de alerta, mesmo quando o corpo está exausto. Isso acontece porque o cérebro associa a cama a atividades que exigem atenção, como mexer no telemóvel ou ver TV, o que dificulta o relaxamento e o descanso verdadeiro.
Exemplo: O simples ato de ver televisão ou passar tempo nas redes sociais enquanto estás na cama pode manter o cérebro ativo, impedindo que consigas relaxar e descansar adequadamente.
Consequências Psicológicas
Embora pareça uma forma inofensiva de descanso, ele pode ter implicações mais sérias para a saúde mental. A prática contínua pode piorar sintomas de ansiedade e depressão, uma vez que o excesso de inatividade pode levar a sentimentos de isolamento e aumentar a sensação de impotência.
Impacto na Saúde Mental
O "bed rotting" pode agravar a irritabilidade, a ansiedade e a depressão, já que a falta de movimento físico e a exposição limitada à luz natural têm um impacto direto na produção de hormonas reguladoras do humor, como a serotonina e a dopamina.
Experimenta uma abordagem equilibrada para o descanso, incluindo atividades ao ar livre e momentos de socialização, para manter o equilíbrio mental.
Fomento à Procrastinação
Este fenómeno também pode contribuir para o aumento da procrastinação, especialmente se começares a associar a cama a uma forma de evitar tarefas e responsabilidades. A longo prazo, isso pode tornar-se uma espiral viciosa, onde adiar as tarefas apenas aumenta o stress e a ansiedade.
Em vez de te sentires mais descansado, pode levar a uma maior sensação de culpa e frustração por não seres produtivo.
Impacto na Geração Z
O comportamento de passar longos períodos na cama, muitas vezes associado ao descanso excessivo, tem sido especialmente comum entre a Geração Z, nascida entre 1995 e 2010. Para esta geração, que lida frequentemente com elevados níveis de ansiedade e cansaço devido ao excesso de pressão social e profissional, essa prática surge como uma tentativa de escapar das responsabilidades diárias.
No entanto, especialistas alertam para as consequências negativas desse comportamento, que incluem a diminuição da qualidade do sono e o agravamento de sintomas como a depressão e a ansiedade. Ao ficar na cama sem se expor à luz solar e sem realizar atividades físicas, a Geração Z pode acabar exacerbando o stress e a sensação de exaustão, em vez de encontrar alívio. Estudos sugerem que a inatividade prolongada leva a um ciclo vicioso de cansaço contínuo, dificultando a produtividade e a capacidade de concentração no dia a dia.
Como Superar o Bed Rotting e Melhorar o Bem-Estar
Felizmente, é possível superar os efeitos e adotar hábitos mais saudáveis que melhorem tanto o descanso como o bem-estar geral.
1. Estabelecer uma Rotina de Sono Regular
Uma das formas mais eficazes de evitar o "bed rotting" é estabelecer uma rotina de sono consistente. Isso ajuda o corpo a criar um ciclo de sono saudável e permite que o cérebro associe a cama ao descanso.
2. Evitar Dispositivos Eletrónicos Antes de Dormir
A exposição à luz azul de dispositivos como telemóveis e computadores pode interferir na produção de melatonina, a hormona responsável pelo sono. Evita os dispositivos pelo menos 30 minutos antes de dormir para facilitar a transição para o sono.
3. Praticar Atividade Física
A atividade física regular é fundamental para o bem-estar físico e mental. Além disso, ajuda a regular os níveis de energia e melhora a qualidade do sono.
4. Criar um Ambiente de Sono Confortável
Garantir que o ambiente onde dormes é propício ao descanso é essencial para evitar este fenómeno. Um quarto tranquilo, com uma temperatura agradável e sem distrações, ajuda a promover um sono de qualidade.
Não esquecer que…
Embora pareça uma solução para aliviar o cansaço, os seus efeitos negativos na saúde física e mental não devem ser subestimados. Passar tempo excessivo na cama pode desregular o sono, aumentar a fadiga e afetar o equilíbrio emocional. A chave está em estabelecer uma rotina de sono saudável, praticar atividade física e criar um ambiente adequado para descansar. Evitar o "bed rotting" e equilibrar o descanso com a atividade diária ajuda a melhorar a saúde e o bem-estar geral.
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